Conferência Wildfire faz Dia de Campo na Terra Indígena Kadiwéu

em 20 de novembro de 2019

Participantes da Wildfire em mirante que dá vista à Terra Indígena Kadiwéu, Porto Murtinho-MS. Foto: Fernanda Prado
Nos dias 2 a 4 de novembro a Conferência Wildfire proporcionou dias de campo para os inscritos no evento. Na ocasião, os participantes tiveram a possibilidade de conhecer in loco projetos que foram apresentados durante o evento em Campo Grande. Uma dessas iniciativas foi o Projeto Noleedi, na Terra Indígena (TI) Kadiwéu, no município de Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul.

A visita aconteceu no dia 3 de outubro, na aldeia Alves de Barros, onde fica a sede de uma das brigadas da Terra Indígena. Lá, ocorreram apresentações culturais como danças, mostra de artesanato e pintura corporal típicos da etnia Kadiwéu, além de almoço tradicional. Os cavaleiros que recepcionaram os 24 visitantes estavam caracterizados com pinturas corporais em si e nos cavalos, representando os antepassados dos Kadiwéus, os guerreiros Guaicurus.

Cavaleiros Guaicuru, artesanato e pintura corporal típicos kadiwéu. Fotos: Fernanda Prado
O analista ambiental do Prevfogo-Ibama e integrante do Projeto Noleedi, Alexandre Pereira, afirma que o dia de campo teve como objetivo principal conhecer as instalações e os trabalhos realizados pela brigada indígena Kadiwéu.  “Conhecer os trabalhos da brigada indígena Kadiwéu, aqui da Aldeia Alves de Barros, compreende também o Projeto Noleedi, que está sendo desenvolvido aqui na Alves de Barros com o apoio da brigada da comunidade e do Prevfogo, então um dos objetivos dessa visita foi conhecer o projeto, como ele está sendo desenvolvido, como foi pensado, como ele está sendo executado”, disse Pereira.

Chefe de Brigada, Mesaque Rocha e o analista ambiental do Prevfogo Ibama, Alexandre Pereira. Foto: Fernanda Prado
Mesaque Rocha, chefe de brigada da Aldeia Alves de Barros, da Terra Indígena Kadiwéu, lembrou que a visita dos participantes da Wildfire foi gratificante e que as pesquisas do Projeto Noleedi e os trabalhos do Prevfogo-Ibama são bem aceitos pela comunidade local. “É importante porque isso é sinal de que o povo de fora está reconhecendo o povo Kadiwéu e está respeitando a nossa cultura, está querendo trabalhar na preservação da cultura Kadiwéu”, ressaltou Rocha.

Brigadistas da Terra Indígena Kadiwéu e visitantes posam em frente à base da brigada contruída pela própria equipe local. Foto: Fernanda Prado
CNPq na Wildfire
O Projeto Noleedi foi submetido pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e aprovado na “Chamada CNPq/Prevfogo-Ibama Nº 33/2018 – Pesquisas em ecologia, monitoramento e manejo integrado do fogo”, lançada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Prevfogo-Ibama. Com o edital, o CNPq visa propiciar a atuação conjunta com o Prevfogo-Ibama na consecução de projetos de pesquisa científica, tecnológica e/ou de inovação aplicados que visem preencher as lacunas de conhecimento sobre manejo integrado do fogo, com destaque para ecologia e impactos do fogo, monitoramento, prevenção e combate de incêndios florestais, nos biomas Amazônia, Pantanal e Cerrado, preferencialmente nas áreas em que o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) atua.

Coordenadora técnica da Coord. de Gestão de Pesquisa em Ecossistemas do CNPq, Fabíola Siqueira. Foto: Fernanda Prado
A coordenadora técnica da Coordenação de Gestão de Pesquisa em Ecossistemas do CNPq, Fabíola Siqueira, esteve na Wildfire e contou como foi o processo de elaboração do edital. “Essa chamada foi construída em parceria da equipe de analistas desta coordenação do CNPq com a equipe do Prevfogo sede, principalmente do Núcleo de Pesquisa e Monitoramento. Mas ela teve uma consulta participativa entre os coordenadores estaduais do Prevfogo e os analistas da sede, onde a gente chegou em uma lista de temas prioritários e, depois, fazendo uma reanálise, vendo os recursos disponíveis para serem empregados na chamada versus as linhas prioritárias, a gente chegou em cinco temas para esse edital. E esses temas são: Impactos do Fogo na Biota; Recuperação de Áreas Degradadas por Incêndios Florestais; Novas Tecnologias, Sensoriamento Remoto, Modelagem e outras linhas desse tipo; uma linha para análise de programas de brigadas desenvolvidas pelo Prevfogo em Terras Indígenas; e uma outra que é sobre o efeito dos retardantes no combate aos incêndios florestais, porque os retardantes no Brasil ainda não estão normatizados e a gente carecia de pesquisas que indicassem os impactos disso sobre o meio ambiente até para subsidiar uma legislação que normatize esses produtos”, informou Fabíola.

Reunião que antecedeu a Wildfire avaliou todos os projetos que compõem a "Chamada CNPq/Prevfogo-Ibama Nº 33/2018 – Pesquisas em ecologia, monitoramento e manejo integrado do fogo”
A coordenadora técnica também comentou sobre como o CNPq vem acompanhando o desenvolvimento e a repercussão do Projeto Noleedi. “O Projeto Noleedi é um dos 25 aprovados, o único no bioma Pantanal, e um daqueles que mais vestiu as diretrizes desse edital, uma vez que ele foi construído em conjunto com técnicos da Funai, do Ibama e com a própria comunidade indígena Kadiwéu. Então ele atendeu muito do que a gente colocou como incentivo nessa chamada e os projetos tinham que atender duas grandes premissas: uma de pensar na estratégia de divulgação científica e outra de que os produtos gerados pelas pesquisas fossem passíveis de serem incorporados à gestão de incêndios florestais pelos órgãos que atuam nessa temática. A gente teve uma reunião de avaliação na semana que antecedeu o início da Wildfire, onde todos os projetos estavam presentes, incluindo o Noleedi, e ele participou com a gente da SPBC em julho e também estava com estande aqui na Wildfire divulgando as suas ações. A gente vê que a estratégia de comunicação do projeto está funcionando muito bem, tem várias comunicações na mídia e como tivemos uma temporada de incêndios muito crítica foi bastante demandado e tem atendido muitas solicitações da imprensa, e isso tem contribuído junto com outros projetos que também estão avançados nessa questão da divulgação para divulgar não apenas o que eles estão fazendo mas também a chamada como um todo.”

O Projeto Noleedi
O Projeto Noleedi tem duração de 36 meses e teve seu início em janeiro de 2019. É uma iniciativa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Prevfogo-Ibama. Com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o projeto está pesquisando os efeitos do fogo na biota do Cerrado e Pantanal e suas interações com o regime de inundação na Terra Indígena Kadiwéu, que possui cerca de 540 mil hectares localizados no norte do município de Porto Murtinho, sudoeste de Mato Grosso do Sul. Noleedi, no idioma Kadiwéu significa fogo.

A pesquisa conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e parceria de diversas instituições: Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul), Fertel (Fundação Estadual Jornalista Luiz Chagas de Rádio e TV Educativa de Mato Grosso do Sul), Funai (Fundação Nacional do Índio), Programa Corredor Azul/Wetlands International/Mupan (Mulheres em Ação no Pantanal), Terra Indígena Kadiwéu e Rede Aguapé de Educação Ambiental do Pantanal.

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